DF pode ficar sem água suficiente para o abastecimento em cinco anos
11/02/2011
Ariadne Sakkis
Publicação: 09/02/2011 08:00 Atualização: 09/02/2011 09:00
Se em cinco anos o Distrito Federal não trabalhar para aumentar a capacidade de produção de água e diminuir o consumo, as ameaças de desabastecimento são reais para os quase 2,5 milhões de habitantes da região. Impedir a escassez é o desafio da gestão de Célio Biavati, novo presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), que terá um orçamento anual de R$ 950 milhões para custeio da rede e R$ 700 milhões — entre receita externa e recursos próprios — para investimentos. Atualmente, segundo a empresa, o sistema local tem capacidade de produção de 8,5 m3 por segundo e recebe a demanda média de 7,5 m3 por segundo. Ou seja, o consumo abocanha 88% da produção. “Estamos em um ponto em que é necessária a instalação de novos sistemas, que estão em fase de contratação e finalização de projeto”, diz Biavati. Hoje, 62% da água do DF vêm do Rio do Descoberto.
“Precisamos desonerar o setor de saneamento. Hoje, a maior despesa que as empresas de saneamento têm são os impostos. A Caesb paga por mês R$ 5 milhões só de imposto. É o mesmo que gastamos com energia elétrica para manter os nossos motores e parques industriais funcionando. Já há um movimento neste sentido por parte das empresas de saneamento no Brasil. Inclusive a presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Dilma Pena, no discurso de posse, enfatizou a necessidade da desoneração. A Caesb vai se dedicar, como todas as outras empresas, a essa questão, que será discutida em âmbito federal. Queremos destinar parte desses impostos ao investimento.”
É o órgão regulador que determina o valor da tarifa que será praticada no ano seguinte. Hoje, começamos a discutir com a Adasa esse percentual. A tarifa tem que ser justa para que a empresa continue prestando os seus serviços. Ao mesmo tempo, tem que ser justa para não onerar demasiadamente o consumidor.”
“Enquanto a gente não consegue conquistas externas, temos que reduzir aqui. Nós já começamos a fazer isso. Existia uma subsidiária da Caesb chamada Caesbpar, que durante os seus quatro, cinco anos, não mostrou a rentabilidade a que se propunha. Nosso primeiro ato foi dissuadi-la. Ela tinha a pretensão inicial de prestar serviços fora do DF. Mas, no momento em que se deslocou para Goiás, por exemplo, encontrou dificuldades em se firmar no Entorno e isso desarmou a força inicial da Caespbar.”
“O Banco Interamericano de Desenvolvimento financiou, em 2003, a substituição das redes. Nos idos de 1950, as tubulações ainda eram feitas com cimento amianto e o pH da água fez com que esse material se dissolvesse, prejudicando o abastecimento. O processo de substituição de rede vem sendo progressivamente instalado e, com isso, diminuímos as perdas de água no sistema, que hoje estão por volta de 25%, quando o limite recomendável é de 24%. Por vezes, a falta de água também pode ter origem na falta de energia para bombeamento. O processo de substituição de rede é contínuo, diário.”
“Precisamos fazer um Plano Diretor de Águas que contemple uma programação de manutenção e previsões da rede para os próximos 50 anos. Só com esse documento pronto é que podemos ir a campo e captar recursos, apresentar um projeto aos investidores. É uma contribuição que essa diretoria tem que deixar para a companhia: um documento de programação para o setor no futuro. Existe a necessidade de se fazer um plano diretor de manutenção dos equipamentos. Como o foco sempre foi a expansão, os órgãos financiadores nunca tiveram muito atentos para a necessidade de manutenção. Nós já temos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para manutenção, mas quero tornar isso sistemático para os próximos 50 anos. E isso não só para as instalações mais antigas. Quero automatizar cada vez mais.”
“A lei que premia os usuários que reduzirem o consumo tem um cunho educativo. Ela tem uma vida limitada porque as pessoas vão economizar cada vez mais e receber cada vez menos, até o ponto que isso zere. A estimativa é que a Caesb devolva aos consumidores algo em torno de R$ 8,3 milhões de várias maneiras no período de um ano. Quem consome muito é que vai ter uma devolução maior.”
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