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ÁRVORE DO MÊS

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25/11/2015

ÁRVORE DO MÊS

PINHA-DO-BREJO OU BAGUAÇU

(Magnoliaovata, sinônimo:Talaumaovata; família Magnoliaceae)

Por Benedito Alísio da Silva Pereira,cerradense@gmail.com.

 

Descrição

Árvore monóica, heliófila, perenifólia, com até 15 m de altura. Tronco reto, longo, levemente cônico (Figura 1).Casca externa cinzenta, íntegra ou fissurada, geralmente com colônias de líquens; casca interna vermelha, aromática. Madeira brancacenta a amarelada, moderadamente pesada. Copa ovalada, umbeliforme ou arredondada. Ramos terminais roliços, esverdeados, com cicatrizes aneliformes no ápice. Folhas simples, alternas, glabras, ovadas ou elípticas, de margem lisa, com 20-30 x 10-15; estípulas verde-claras, com 10-15 cm de comprimento, envolvendo a gema terminal do ramo. Flores hermafroditas, perfumadas, grandes evistosas (Figura2); cálice com 3 sépalas esverdeadas, medindo 7 x 5 cm;  corola com 6 pétalas brancas, carnosas, dispostas em duas séries, com 5-8 x 3-6 cm; androceu com numerosos estames grandes, laminares; gineceu constituído por um eixo cônico e largo. Fruto subgloboso, com tamanho e aparência similares aos de uma ata ou pinha (fruta da família Annonaceae encontrada no comércio) (Figura 3), mas lenhoso, deiscente e com as sementes alojadas em alvéolos situados noeixo do antigo gineceu (Figura 4). Sementes 50 a 140 por fruto, escuras, com 9-11 x 7-9 mm, ligadas aos alvéolos por um funículo filiforme, longo e envolvidas por arilo vermelho, oleoso.

Distribuição e habitat

Ocorre em todas as unidades federativas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e nos estados do Tocantins e da Bahia. Nas regiões onde não há período seco, é encontrada tanto em planícies encharcadas quanto em encostas bem drenadas, mas no Cerrado apresenta alta seletividade, ocorrendo somente em matas ribeirinhas situadas em solosencharcados.

Fenologia e biologia reprodutiva

A floração vai de outubro a dezembro, com pico em novembro, e a maturação dos frutos se estende de agosto a outubro.  As flores são polinizadas por besouros que nelas penetram no início da noite, atraídos pelo perfume que elas exalam, e no começo da noite seguinte passam para outra flor cobertos de grãos de pólen. As sementes são dispersas por aves que são atraídas pela cor e pelo conteúdo do arilo que as envolvem; os sanhaços são considerados os seus principais dispersores no Cerrado.

Utilidades

Apinha-do-brejo, por ser perenifólia e produzir flores e frutos fora do comum, é indicada para arborização de áreas espaçosas no meio urbano. A sua madeira serve para confeccionar forros, molduras, esculturas, caixotes, urnas funerárias, tamancos, brinquedos etc. As flores podem ser usadas para enfeitar e perfumar ambientes e os frutos servem para confeccionar objetivos decorativos. Estudos recentes revelaram que a casca do tronco e galhos dessa espéciepossui substâncias com propriedades antipiréticas, analgésicas e anti-inflamatórias; que as folhas contêm compostos com propriedades antimicrobianas e antitumorais; e que o fruto verde possui óleos essenciais e uma série de outros compostos químicos, alguns com propriedades ainda não conhecidas. No entanto, o uso em estado bruto dessas partes da plantana medicinal popular não tem sido recomendado, devido à coocorrência de substâncias tóxicas. Por causa das suas utilidades atuais e potenciais para o homem e da sua importância para a fauna, a pinha-do-brejo é uma espécie de utilizaçãoobrigatória em recuperação de matas ribeirinhas de solos encharcados.

Formação e plantio de mudas

Retirar sementes de frutos no começo da deiscência; remover o arilo que as envolvem, colocando-as em um recipiente com água e detergente e, no dia seguinte, lavando-as em água corrente com auxílio de uma peneira. Secar as sementes à sombra e em seguida colocá-las para germinar em caixotes ou canteiros contendo terra argilo-arenosa misturada com esterco curtido na proporção de 3:1 em volume. Fazer a repicagem quando as plântulas estiverem com 3-5 cm de altura, transplantando-as para sacos de polietileno ou tubetes com no mínimo 20 cm de altura, contendo o mesmo substrato. Levar as mudas para o campo quando estiverem com 20 cm de altura. Quando o plantio forfeito em áreas degradadas de matas ribeirinhas de solos encharcados, as mudas devem ser consorciadas commudas deembaúba (Cecropiapachystachya), sangra-d’água (Crotonurucuarna), tanheiroou tamanqueira (Alchorneaglandulosa), pombeiro (Tapiriraguianensis) e landim, landi ou guanandi (Calophyllum brasiliense),dentre outras espécies dos estágios iniciais de sucessão. Experiências pessoais indicam que a pinha-do-brejo desenvolve-se satisfatoriamente também em solos de cerrados, o que vai ao encontro da ideia de utilizá-la em arborização urbana.

Conservação

Apesar de ser exclusiva de um tipo de vegetaçãoprotegido por lei (mata ribeirinha ou mata-galeria), a pinha-do-brejo foi muito explorada no passado, o que a tornou escassa em muitas regiões. Este fato, aliadoà descoberta de que indivíduos de populações do Cerradopossuem substâncias químicas diferentesdas encontradas em indivíduosdaMata Atlântica, indica que é necessário dar atenção especial à conservação dessa importante e singular espécie arbórea brasileira.

 

Literatura

Barros, L.F. et al. Constituents of the leaves of Magnolia ovataJournal of Natural Products, v. 72, n.Âncora 8, p. 1529-1532, 2009.

 

Barros, L.F. et al. Essential oil and other constituents from Magnolia ovata fruit. Natural Products Communications, v. 7, n. 10, p. 1365-1367.

 

Carvalho, P.E.R. Baguaçu. Colombo (PR),Embrapa Florestas, 2003. (Circular Técnica 72).

 

Mori, L.S. et al. Analgesic effects of the ethanolic extract from Magnolia ovata(Magnoliaceae) trunk bark and of N-acetylxylopine, a semi-synthetic analogue of xylopine.Phytomedicine, v. 18, n. 2-3, p. 143-147, 2011.

 

Pereira. B.A.S. Árvores do Brasil Central: espécies da Região Geoeconômica de Brasília. Rio de Janeiro, IBGE, 2002. V. 1.

 

 

Stefanello, M.E.A. et al. Ocorrência de quimiotipos em Talaumaovata, uma planta medicinal brasileira. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 8, n. 1, p. 1-3, 2005.

 

 

Pinha-do-brejo em área desmatada. Foto B.A. S. Pereira, 12 05 2013.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Flor de pinha-do-brejo. Foto: B.A.S. Pereira, 13 11 2014.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fruto quase maduro de pinha-do-brejo. Foto: B.A.S.Pereira, 30 07 2014.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Frutos maduros, abertos, de pinha-do-brejo. Foto B.A. S. Pereira, 18 08 2004.

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